É dito que para tudo existe perdão, exceto o belo, beleza é um pecado que não existe perdão.
De todas as grandes conquistas que o governo de Lenin fez granjear, foram as artes que sofreram um contraponto crítico e digno de se comentar.
Se por um lado o período leninista propiciou acesso popular as veredas das artes, antes um monopólio da nobreza czarista, agora era possível assistir concertos e ouvir música de câmara em zonas de fábricas de Moscou, São Pestesburgo e outras cidades, antes acesso restrito, agora usufruído pelo povo.
É importante salientar que erros foram cometidos no processo, sob a égide da nova conjuntura, ditames estabelecendo dicotomia entre “arte burguesa subjetiva” e o movimento proletkult (proletárskaya Kultura) foram formulados.
Embora a nova sociedade aceitasse a confluência entre a arte do conservadorismo em coexistência ao experimentalismo, o proletkult desdobrou uma nova estética nas artes gráficas, diretamente não facultado a música, arregimentaria artistas do futurismo que proporcionaram uma extensa gama musical.
Sob a necessidade de propaganda do novo sistema, artes sem adequações a nova gênese sócio/política, eram frutos de censura leve ou expresso banimento por pensamento antirrevolucionário, sob essa realidade, Sergei Rachmaninoff, romântico tardio, partiu para o exílio, assentado primariamente na Escandinávia e posteriormente nos Estados Unidos onde viu sua arte florescer.
A dissonância entre “arte burguesa” e “arte proletária” foi superada na esteira da História.
Não se condena a música de Wagner por sua ressignificação nazista, não se deixa de estudar a filosofia de Heidegger por sua predileção ao partido de Hitler, necessário separar o homem da obra.
Arte é arte, sendo necessário apartar o sujeito e a obra, o homem é finito e a arte é imortal.
Afirmar que determinada veia artística é “burguesa” e efêmera é o mesmo que um burguês afirmar que literatura de cordel não é literatura por ser popular.
Palavras-chave: Definições – Artes – Música – Literatura – Cultura